FUSHIGI YUUGI DOKI!
Capítulo 15 – A Gruta da Praia de Konan [By Poppy Takashi]
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A ideia da Shiori tinha sido maravilhosa. O calor estava
mesmo insuportável. A água do mar, fresquinha, estava óptima.
-Shiori? Isto foi óptima ideia! Onde estás? – perguntei eu.
-Aqui, nesta gruta. Está mais fresco aqui! Porque não vamos
explorar um pouco? – convidou ela, com um sorriso.
-Claro!
Saí a correr do mar, com o cabelo a pingar água fresquinha.
Fui até à entrada da gruta, onde estava Shiori. Lá para dentro nem estava assim
muito escuro. Parecia haver uma saída relativamente perto. Pelo sim, pelo não,
fui buscar a minha mochila, cheia de tralha que tinha trazido do mundo humano.
Lá teria uma lanterna.
Antes de entrar com a Shiori, olhei para a praia. A Erio, a
Desumi e a Sakie estavam a jogar voleibol na água. A Sophie e a Lizz estavam
sentadas nuns penedos, a ver uma revista qualquer, que elas tinham trazido do
mundo humano. O Tamahome, o Nuriko e o Yukito estavam sentados para lá a falar
de alguma coisa. Que, pela cara do Nuriko, era sobre o facto de ele ser um
rapaz. O Imperador idiota, estava à sombra, a ler um livro qualquer.
-Poppy-tan? Onde vais? – perguntou a Erio, quando percebeu
que eu estava à entrada da gruta com a Shiori.
-Ia explorar isto com a Shiori, queres vir?
-Claro! – exclamou Erio. Depois disse alguma coisa às
outras, e elas vieram todas ter connosco.
-Mais alguém quer vir? – perguntou a Desumi.
-Eu entro! – disse a Sophie – Lizz, também vens?
-Está bem… - disse ela.
Desta forma, todas as raparigas do grupo iam explorar a
gruta.
-Se a Sacerdotisa de Suzaku vai, penso que é melhor também
irmos – disse o imperador.
-O Senhor não vem para aqui fazer nada – protestei – pode
continuar a ler o seu livrinho, porque nenhuma de nós quer que você venha. Já
pensou em ir procurar os tubarões?
-Poppy, já vais começar outra vez? – perguntou-me a Erio.
-Oh, o que é que tu queres? O tipo parece gay – desculpei-me
eu.
-Tamahome, vamos – disse o imperador, Hotohori,
levantando-se.
Os dois vieram até à entrada da gruta. Eu já estava a ficar
de mau humor.
-Daqui a nada fico mas é cá fora. Se ELE vai, isto deixa de
ter piada – resmunguei novamente.
-Poppy, vamos lá. Não fiques sem vontade de ir só por causa
disso – disse a Sophie.
-Está bem…
O rapaz novo, que tinha vindo connosco para Konan tinha
aparecido agora mesmo, na praia. Não faço ideia o que é que ele possa ter
estado a fazer. Mas decidiu juntar-se a nós. O Yukito, para não ficar de fora,
também se juntou. Conclusão: Vai o grupo todo, explorar a gruta.
Tal como supus, a gruta estava razoavelmente iluminada e
havia uma corrente de ar fresco, vinda sabe-se lá de onde. Corria alguma água
em certas zonas do chão. E como estávamos descalços, sabia mesmo bem. O calor
que sentíamos esvaiu-se em poucos minutos.
-Olhem, é impressão minha ou isto está a parecer-me pouco
seguro? – perguntou a Lizz, algo preocupada.
-Não sei, realmente, já pensei nisso – disse a Sakie – só
espero é que isto não caia. Acho que não devíamos ter entrado aqui. Bela ideia,
Shiori!
-Aqui está mais fresquinho, tens de admitir – apressou-se,
Shiori, a dizer.
-Lá nisso tens razão.
Avançamos um pouco mais. A gruta estava repleta de
estalactites e estalagmites. Algumas pareciam demasiado frágeis. A água que
também pingava do tecto dava uma sensação muito agradável.
-Isto não é assim tão interessante quanto isso – protestou a
Sakie. Acho que já vimos tudo o que há para ver.
-Vamos procurar a saída? – perguntou a Desumi.
-Sim, pode ser – disse eu – Esta luminosidade tem de vir de
algum lado.
-Afinal parece que não és assim tão pateta – começou, a
Sakie, a irritar-me.
-Vai pastar – respondi-lhe.
A gruta era um autêntico labirinto. E, ao que parece,
ninguém prestou atenção ao caminho que tínhamos percorrido, ou seja, ninguém
sabia onde era a saída.
-Se nós viemos dali, devemos ter de voltar para trás – disse
o Nuriko, como se fosse uma conclusão muito óbvia.
-Acho que devíamos seguir a ideia do Nuriko – apoiou a
Shiori – Eu, pelo menos, vou com ele.
-Eu prefiro tentar ir descobrir de onde vem esta luz – disse
eu.
-Eu vou contigo. Não posso deixar a sacerdotisa de Suzaku
sozinha – prontificou-se o Hotohori.
-Ah, não vem não – respondi eu – porque não vai fazer
companhia à Sakie, a pastar?
O imperador, mais uma vez, riu-se. Não entendo porque é que
os meus comentários, que era suposto serem ofensivos, acabam por ter piada.
-Eu vou por ali – disse a Sophie, apontando para o caminho
da direita – Alguém me acompanha?
-Eu posso ir contigo – disse a Lizz.
-E Já agora também vou. Contem comigo – acrescentou
Tamahome.
-Eu fico sozinha – afirmou a Sakie.
-E ficas muito bem. Ninguém gosta de ti – disse eu,
deitando-lhe a língua de fora.
-Agora até parece que já queres companhia – picou-me ela.
-Já acabou a erva? – perguntei.
A Sakie virou-me as costas. Finalmente. Estava farta de
olhar para os olhos rosa dela.
-Erio, vamos pela esquerda? – perguntou o Yukito.
-Tudo bem! – respondeu ela, sorrindo e um pouco corada.
-Eu vou com o Toru-kun, então! – disse a Desumi - Vamos por
aquele caminho do centro.
Agora que nos tínhamos dividido todos, era só começar a
caminhar. Estávamos em frente ao caminho que iríamos seguir quando, de repente,
a terra tremeu.
-O que é isto? SISMO! – gritei.
A Erio abraçou o Yukito; a Sophie, o Tamahome e a Lizz
juntaram-se mais, o Nuriko e a Shiori fizeram a mesma coisa, assim como todos
os grupinhos. A Sakie, que estava sozinha, desatou a correr pelo caminho por
ela escolhido, sem esperar por ninguém. O imperador puxou-me para mais perto,
por causa do sismo.
Tudo aconteceu muito rapidamente. A terra continuou a tremer
com uma intensidade quase inacreditável. As estalactites começaram a partir e a
cair ao chão, quebrando por sua vez as estalagmites. Depois, algumas rochas to
tecto começaram a cair. Era uma derrocada. A gruta estava a ruir. Acho que caí
ou fui empurrada para o chão.
-ERIO! – gritei.
Pouco depois, o abalo parou. Abri os olhos. Estava deitada
no chão. Sentei-me. Só havia pedras partidas à minha volta. Não havia saída. E,
por muito que me irritasse, não estava sozinha. Estava com a pessoa que menos
queria estar naquele momento. Estava com o Imperador.
Virei-lhe as costas e sentei-me,
à espera, a olhar para a parede.
Entretanto, tal como me tinha acontecido a mim, todos os
meus amigos ficaram separados em grupinhos. A Sophie, o Tamahome e a Lizz deram
por eles num espaço idêntico ao que eu estava.
-O-O que aconteceu? – perguntou a Lizz, algo assutada.
-A gruta desabou, parcialmente – disse a Sophie – Acho que
não temos saída. Temos de esperar. Ou então, tentar começar a tirar as pedras,
mas vai ser trabalho duro.
-Deixem isso comigo – prontificou-se o Tamahome.
Este levantou-se e começou a tentar arrastar as várias
pedras. Ainda tirou algumas, mas não muitas. Por mais que tentasse tirar as que
tinham ficado por cima, para abrir uma saída superior, parecia que as pedras
existiam aos milhares e numa camada muito espessa.
-É inútil – concluiu, por fim.
-Como estarão os outros? – perguntou a Sophie.
-Não sei, porque não tentas chamá-los? – sugeriu Lizz.
-Boa ideia.
Sophie empoleirou-se nas pedras e tentou chegar à zona que
menos pedras tinha.
-PESSOAL?! ESTÁ TUDO BEM CONVOSCO?
O grito de Sophie ecoou por toda a gruta. Passados alguns
segundos, surgiu uma resposta.
-AJUDA!!!!!!!!!!!!!!!!! – alguém gritou. A voz parecia ser
da Shiori.
-O QUÊ? – gritou a Sophie, novamente.
-O NURIKOOOOO! O NURIKOOOO! – Foi a resposta que obteve.
Sophie constatou que, quem gritou, só poderia ter sido a
Shiori.
-Malta, acho que temos problemas. A Shiori pareceu
preocupada com o Nuriko e gritou por ajuda.
-Bem, o que podemos fazer? – perguntou a Lizz, preocupada.
-De momento, nada – disse
Tamahome, que se levantou e tentou continuar a retirar as pedras. Precisavam de
ajuda.
Noutra zona da gruta, estava a Desumi e o Toru. Tal como os
restantes, encontravam-se presos.
-Isto não pode ter acontecido! O que será que aconteceu à
minha prima?
- Tem calma – tentou, Toru, acalmá-la – Ela deve estar bem.
Talvez até tenh conseguido fugir.
-Mas, e… e se não conseguiu?
As lágrimas molharam os olhos verdes de Desumi.
-Não chores – disse Toru, abraçando-a.
Ao ouvir estas palavras, em vez de não chorar, Desumi fez
exactamente o contrário e desatou a chorar, molhando a camisola de Toru com as
suas lágrimas. (Toru estava com camisola porque não tinha ido para o mar).
-Tu, és feiticeira, não és? – perguntou-lhe Toru.
-Sou… - disse ela, secando as lágrimas.
-Não podes tentar nenhum feitiço para nos libertar?
-Posso tentar.
Desumi pôs-se de pé, e abriu os braços. Depois pegou nuns
pós e soltou-os em cima das pedras. De seguida, disse umas palavras indecifráveis.
Nada aconteceu. Tentou novamente. Nada.
-Acho que… sem a minha prima, não consigo. A minha magia
ainda não é assim muito poderosa.
-E não consegues atravessar paredes?
-De momento, penso que não. Neste local parece que os meus
poderes ficam reduzidos…
Sentaram-se os dois a pensar em
estratégias para sair dali.
Erio e Yukito estavam sozinhos, noutro espaço da gruta. Para
não variar, também presos, graças à derrocada.
-Estamos sozinhos! – disse Yukito, não se mostrando nada
preocupado com o facto de não terem comida e não haver saída.
-Estamos – respondeu Erio, com uma expressão muito fofa.
-Chega aqui – disse-lhe ele.
Erio aproximou-se.
-Sim? O que foi?
Yukito levou a mão ao laço do
biquíni da Erio.
-NURIKO! NURIKO! – gritou Shiori.
O Nuriko parecia ter partido um braço, ou algo do género.
Tinha-lhe caído uma pedra enorme em cima do braço esquerdo. A dor tirava-lhe
todas as forças.
Shiori tentou remover a pedra, mas era demasiado pesada para
ela. O Nuriko ainda acabava com o braço esmagado se ela não fizesse nada.
Apesar dele ser um rapaz, era a sua “melhor amiga”.
-AJUDA! AJUDA! AJUDA! – gritou ela.
Shiori desejava desesperadamente
que o socorro chegasse rapidamente.
De volta à minha história, já devia ter passado praí uma
hora ou mais, desde que a gruta se partira aos bocados. Continuava sentada,
virada para a parede, toda encolhida. A aragem, anteriormente agradável,
tornara-se gélida.
-buuuh… - disse eu. Estava congelada até aos ossos. Acho que
se continuar aqui muito mais tempo, morro de hipotermia.
Na mochila, só tinha uma lanterna, para caso escurecesse,
fósforos, velas, alguma comida, mas nada mais. As toalhas e a roupa ficaram lá
fora, dentro da tenda.
-Toma – disse-me o Imperador, atirando-me a camisa de linho
que trazia vestida.
-O-obrigada… - disse eu. Acho que devo ter ficado um pouco
vermelha, mas como estava de costas para ele, não me fez diferença. Vesti a
camisa e continuei a olhar para a parede, como se estivesse a ver um filme
muito interessante, no cinema.
-Desculpa… daquilo de outro dia – disse o Hotohori.
-Acho que… não faz… mal – disse eu.
-Então… alguma ideia de como vamos sair daqui? – perguntou
ele.
-Não, senhor – respondi, sendo educada, para variar um
pouco.
-Não me trates assim, por favor. Aqui fora não me consideres
imperador. Trata-me como teu igual. Afinal, sou pouco mais velho do que tu.
Tenho dezoito anos.
-Está bem… - disse eu, e suspirei.
-Vamos então pensar em alguma estratégia, para sair daqui.
Virei-me, lentamente. O Hotohori estava demasiado parecido
com aquele dia…
-Isto está totalmente coberto por pedras… - disse eu.
-Penso que, de momento, não há hipótese de sair daqui –
disse o Hotohori – talvez tenhamos de passar a noite aqui.
ESPEREM LÁ! PÁRA TUDO! TER DE PASSAR A NOITE COM O GAY?! NEM
NOS MEUS PESADELOS!!!
-Eu QUERO sair daqui – disse.
-Receio que não seja possível, pelo menos, por agora.
Peguei na mochila e puxei a
lanterna para fora, bem como as velas e os fósforos. Estava a escurecer. Era
preciso manter a luminosidade.
Entretanto, a Sophie estava sentada a olhar para o tecto,
como se o estivesse a examinar. A Lizz e o Tamahome tinham começado uma
conversa animada. A timidez da Lizz parecia ter evaporado.
-Está a escurecer – disse a Sophie – Vamos ter de passar
aqui a noite.
-Bem, se não temos hipótese…
- disse a Lizz.
-Então e comer? – perguntou o Tamahome.
-Não trouxemos comida, lembras-te, idiota? – perguntou a
Sophie.
-Pois. A única pessoa que tinha pegado na mochila tinha sido
a Poppy.
-Só nos resta esperar e tentar dormir, então – concluiu a Lizz.
Quer Lizz quer Sophie estavam
com os bikinis vestidos. O Tamahome estava com calções de banho. O trio começou
a notar, igualmente, que a aragem era gelada.
Desumi e Toru tinham chegado à mesma conclusão. Após várias
tentativas de feitiços, por parte da Desumi, a parede parecia continuar
exactamente igual.
Ambos se encostaram à parte de
trás da parede e ficaram à espera que as horas passassem.
Sakie tinha corrido até um largo da gruta. Estava
completamente sozinha, livre e ilesa. Mas a gruta parecia um labirinto sem fim.
Na zona onde se encontrava agora, caminhava por cima de um monte de pedras,
quase batendo com a cabeça no tecto. De repente, sentiu alguém a agarrar-lhe a
perna.
-AHHHH! – gritou ela.
-ssssh! – disse-lhe quem a agarrara.
Ela olhou para baixo e viu Arata.
-O que estás aqui a fazer? – perguntou Sakie.
-Senti o cheiro de feiticeiras por aqui. Soube da derrocada
e decidi vir ajudar.
-O-obrigada – agradeceu Sakie.
Arata agarrou na mão de Sakie e
ambos saíram dali a correr.
Shiori esperava desesperadamente que alguém a ouvisse a
gritar. O Nuriko tinha ficado incrivelmente pálido e parecia ter desmaiado.
Shiori tentou novamente arrastar a pedra. Mas era demasiado
grande e pesada.
-Parece que tenho de tentar isto… - murmurou Shiori, para si
mesma.
Depois, levantou ligeiramente a cara do Nuriko e
aproximou-se dele. Se fizesse respiração boca-a-boca talvez o reanimasse. Deste
modo, aproximou os seus lábios dos dele, da sua “melhor amiga” e começou a
tentar reanimar Nuriko.
Alguma coisa bateu no tecto. Este não resistiu ao embate e
caiu. Um rapaz ruivo caiu lá em baixo.
-Ouvi os gritos, enquanto passava lá em cima - disse ele.
Shiori levantou-se, um pouco envergonhada.
-Não eras tu que estavas com a Lizz, outro dia? – perguntou.
-Sim, era. Sou o Tasuki – disse ele.
-Ajuda-me, por favor! – implorou Shiori – o Nuriko desmaiou.
Ele tem imensa força, mas com ele desmaiado não consigo sair daqui. Acho que
ele partiu um braço, com a força daquela pedra enorme.
Tasuki examinou lentamente a situação. Depois decidiu que
era melhor ajudar os dois que se encontravam naquele local.
De
todos as pessoas que tinham ficado presas naquela gruta, a Erio e o Yukito eram
os únicos que não se mostravam lá muito preocupados por estarem presos. Afinal,
tinham-se divertido um pouco. O tempo pareceu voar, para eles, e a aragem nunca
foi fria o suficiente para os fazer gelar.
Eu e o Hotohori estávamos sentados a olhar para a parede. A
bateria da lanterna parecia estar a querer falhar, porque a luz ia ficando cada
vez mais fraca.
-É melhor acender uma vela – disse eu. Como a vela era
grande, talvez ainda durasse para algum tempo.
-H…Hotohori … - disse eu. É estranho chamar-lhe assim – Já
pensaste em mais alguma coisa?
-Ainda não. Acho que temos de esperar.
-Está frio – queixei-me. Coitado dele. Eu é que estou com a
camisa dele.
-Vamos juntar-nos mais, então – disse ele.
Eu não queria fazer tal coisa, mas se não, mesmo com a
camisa, ia acabar doente. Assim, aproximei-me e ele pôs o braço por cima dos
meus ombros, aconchegando-me.
-Sabes,… -começou ele – quando era pequeno, o meu pai, que
já morreu, disse-me que, um dia, iria chegar cá uma rapariga de outro mundo,
que se iria tornar na Sacerdotisa de Suzaku e, desta forma, salvar o império…
Sempre quis conhecer essa rapariga.
-Que sou eu – completei.
-Quando te conheci, pensei que fosses mais difícil de lidar
do que na realidade és. Todas essas patetices que dizes até têm piada.
Desta vez fiquei verdadeiramente espantada. Não era suposto
terem piada. Será que ninguém entende?
-Porquê? – perguntei.
-Porque nunca imaginei que fosses assim. Mas ao mesmo tempo
és muito parecida àquilo que imaginei quando era pequeno.
Não disse nada. Ele pôs a mão no meu queixo, e fez-me olhar
para ele.
-Eu irei proteger-te dos perigos. Como sacerdotisa de Suzaku,
vais encontrar muitos – disse ele, calmamente.
Depois, tal como no outro dia, aproximou os lábios dos meus,
beijando-me suavemente. Mas desta vez foi diferente. Acho que não o fiz de uma
forma tão forçada. Rodeei-lhe o pescoço com o meu braço, tocando-lhe no cabelo
escuro e sedoso. A luz da vela dava um ar muito… lamechas à cena toda.
-Desculpa, mais uma vez – disse ele, quando nos separamos.
-Não faz mal, de todo – disse eu, aproximando-me novamente.
Nem sei porque estou a ter esta reacção. A corrente de ar deve estar a
provocar-me uma reacção alérgica qualquer.
Depois, mais tarde, decidimos
tentar dormir, com uma promessa de manter aquilo segredo de toda a gente.
Amanheceu lentamente. Shiori tinha adormecido e Tasuki tinha
feito um esforço enorme para reunir pedras suficientes, de modo a que uma
passagem pequena fosse aberta. Quando Shiori acordou, viu que Nuriko já estava
acordado e, apesar de se queixar das dores do braço, estava com um aspecto
melhor. Tasuki tinha-lhe arranjado algo para pendurar o braço ao peito.
-Nuriko! Estás melhor? – perguntou Shiori.
-Sim, apesar de ainda me doer. Mas penso que ainda tenho
força suficiente para ajudar os outros, se estiverem nesta situação.
Shiori, Nuriko e Tasuki saíram pela saída criada por Tasuki.
-Malta! Onde estão? Nós já saímos daqui! – gritou a Shiori.
Enquanto corriam pela gruta devastada, encontraram alguém.
Esse alguém era Sakie, que estava acompanhada pelo Arata.
-Onde estiveram? – perguntou Shiori. E porque estão a dar as
mãos?
Sakie largou a mão de Arata e respondeu:
-Estivemos à procura da saída. Finalmente encontramos mais
alguém.
-Eu já estou bem o suficiente para conseguir remover algumas
pedras. Acho que com trabalho de equipa conseguimos sair todos – afirmou
Nuriko.
Assim, os cinco seguiram as vozes até encontrar os amigos.
Começaram por libertar Sophie, Lizz e Tamahome. A Lizz mostrou-se um pouco
chateada. Não sei porquê.
Depois, seguiram até onde estavam a Desumi e o Toru. As duas
feiticeiras conseguiram destruir o muro de pedras, libertando assim os dois
reféns.
Faltava, apenas, libertar quatro pessoas.
-Vamos! – gritou a Desumi.
De seguida, foram atrás da voz
de Erio, e conseguiram libertá-la a ela e ao Yukito facilmente, usando o poder
das duas feiticeiras e a força de Nuriko.
Eu e o Hotohori já tínhamos acordado há algum tempo. Finalmente,
ouvimos alguém a gritar.
-Poppy! Vossa Majestade! Onde estão?
Enchi os pulmões de ar e gritei:
-ESTAMOS AQUI! VENHAM TIRAR-ME DAQUI!
Os restantes seguiram a minha voz e, em poucos minutos,
estava livre daquele buraco. Peguei na mochila e fomos para fora.
-Demoraram tanto! Devem achar que eu tenho força para pegar
naquelas pedras! E ainda para mais, fui forçada a aturar aquele grande parvo –
disse eu, apontando para o Hotohori. Mas não consegui conter um pequeno
sorriso, que ele me retribuiu.
Todos juntos, novamente, saímos da gruta e regressamos à
praia, entrando pelo mar dentro, de modo a esquecer todos os incidentes da noite
anterior.
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